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Petistas de Santa Maria optam pelo pragmatismo. Ideologia foi às cucuias

Claudemir Pereira

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Desde 2000, quando Valdeci Oliveira venceu e tornou o PT governo municipal (o que aconteceria por oito anos e dois mandatos), nunca antes se viu o maior partido de esquerda do Brasil tão pouco ideológico em Santa Maria quanto agora, em 2020.

As derrotas consecutivas de Paulo Pimenta (2008), Helen Cabral (2012) e de novo Valdeci (2016) sempre tiveram, para mais ou para menos, a marca do ideário petista.

Duas décadas depois, porém, a situação é em tudo diferente. Percebe-se na campanha atual, ainda na fase pré, diferença fundamental: a ideologia foi às cucuias. Tirante meia dúzia de militantes que se esgoelam na defesa de tradicionais bandeiras do partido, o fato é que o PT santa-mariense não é o mesmo de outras disputas. A começar pela escolha do candidato, que tem todos os méritos que os petistas nele veem, como diligente defensor do partido, mas, definitivamente, bandeiras muito caras à agremiação ficam do lado de fora.

Essa mudança óbvia de tática eleitoral se dá também na escolha da parceria, agora o PSD de Marion Mortari que, nacionalmente, defende de forma ostensiva o governo de Jair Bolsonaro, abominado (ao menos formalmente) pelo petismo.

Essa situação leva ao paroxismo alguns militantes do tipo "raiz". E até muitos chegados depois à lida da esquerda petista. Ao ponto de alguns (pouquíssimos, mas respeitados dentro e fora) se quedarem tristes e indignados, em reunião recente com os pessedistas irmãos de luta eleitoral.

Estes, lá com suas legítimas razões (sim, ninguém foi enganado), recusaram-se a desfraldar a bandeira "Fora Bolsonaro", que está na boca (e nas palavras de ordem do partido) de grande parte do PT. Foi, como observou o escriba no comportamento de um deles, a rendição completa ao pragmatismo. Ideologia? Ora, ideologia...

Explicações as lideranças têm várias, para essa óbvia mudança de comportamento. Uma é que, não fosse sozinho em 2016, Valdeci teria derrotado Jorge Pozzobom. É tese. Nunca se saberá.

O fato é que, aos olhos de terceiros, inclusive esse escriba, o que se nota é uma tentativa de fazer com que Luciano Guerra seja conduzido à prefeitura ao lado de seu parceiro de chapa, o pessedista Marion Mortari, levado pelas mãos de Valdeci Oliveira. Ou, pelo menos, levado ao segundo turno, quando a eleição é outra.

Sem uma proposta que leve adiante os pensamentos mais caros ao petismo, sob o império do pragmatismo, Valdeci (mais que Pimenta, que como presidente estadual tem 500 municípios para cuidar) é o artífice da aliança e da campanha. E é assim que o PT pretende vencer e voltar a governar Santa Maria.

É protagonista. É competitivo. Mas não é o PT que todos conheceram. Esse ficou alhures e antanho.

O sofrimento dos partidos para cumprir a quota feminina 
A "reserva" de gênero necessária à formação das chapas para a Câmara de Vereadores em Santa Maria é, e já se previa isso, uma das grandes dores de cabeça dos partidos, especialmente os maiores.

Com a obrigatoriedade legal, e a crescente fiscalização sobre candidaturas laranjas (o que inibe, ainda bem, a institucionalização da falcatrua), quem for apresentar nominata completa terá de contar com 11 concorrentes mulheres. E, se não conseguir, precisará reduzir a quantidade de homens.

Um exemplo útil para entender a situação se dá no MDB. Até aqui estão, numa lista preliminar, como informou a este escriba a presidente da sigla, Magali Marques da Rocha (foto), 27 concorrentes ao Legislativo. Deles, oito são mulheres e 19 homens.

Claro que há tempo, e os emedebistas contam com (e trabalham para) isso, para fechar a listagem. Tudo deverá se concluir, obrigatoriamente, até a convenção oficializadora da chapa, o que acontecerá no início de setembro.

Agora, imagina se o partido não conseguir a inclusão de mais três candidatas mulheres e um homem, compondo a nominata de 32 concorrentes. Nesse caso, e se absolutamente nada mudar, as opções do MDB liderado pela Magali são, entre outras, duas.

Uma é cortar a lista masculina para 16. Que, com as oito mulheres, seriam 24 candidatos (o que é ruim para o partido, pois somaria inevitavelmente menos votos).

A outra alternativa seria acrescentar duas mulheres à relação, com o que o número alcançaria 29 e a regra também estaria cumprida. Problema: não chegaria ao máximo permitido pela lei: 32.

Em tempo: ainda por cima, consta que Magali (e os presidentes de todos os outros partidos) faz uma entusiasmada oração diária, rogando que nenhuma das mulheres candidatas desista.

A Frente Trabalhista e a tarefa dos bombeiros 

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Se imaginava fosse possível uma decisão na terça-feira, quando os dois e os líderes de seus partidos se reuniram na Capital. No entanto, afora questões administrativas e financeiras (financiamento da campanha, especialmente), nada mais vazou - se é que trataram mesmo da decisão sobre quem será o cabeça de chapa e o vice, dentre Fabiano Pereira (PSB) e Marcelo Bisogno (PDT). E até o fechamento desta página, definição não havia. 

No entanto, já é possível afirmar, observando as manifestações das redes sociais, normalmente candentes, que, seja qual for o escolhido para representar a Frente Ampla Trabalhista (que tem ainda PC do B, Rede e PV, além de, talvez, o PROS), haverá a necessidade de "domar" o ímpeto da militância.

Quem acompanha nota facilmente que os ânimos estão exacerbados. Na "timelime" do escriba correm comentários vários, de militantes pró-Fabiano e pró-Bisogno, que sugerem a necessidade de apaziguamento posterior à escolha. Sob pena de comprometer a campanha.

Em bom português: apoiadores importantes do nome do PSB não admitem outra hipótese que não Fabiano Pereira na cabeça. No outro lado, é idêntica a posição dos militantes ligados ao PDT, que repelem outra hipótese que não Marcelo Bisogno liderando a chapa.

Resumo da ópera: não faltará trabalho aos "bombeiros". Se é que eles existem. Vai daí que, outra vez, avulta a figura de Werner Rempel, do PC do B. Ele é quem o pessoal mais ouve. Mas será que escuta?

LUNETA 
A qualquer momento, mas provavelmente já na próxima semana, os governistas devem anunciar formalmente a aliança que vai sustentar a recandidatura do tucano Jorge Pozzobom à prefeitura. Sem o PP, que optou por caminho próprio, o PSDB precisou se recolocar no cenário de partidos da cidade. No fim das contas, manteve ao seu lado o DEM e atraiu PTB e PSL - que dará ao vice, o empresário Rodrigo Décimo. 

20 ANOS APÓS 
Pelo menos desde o longínquo ano 2000, a esquerda-esquerda santa-mariense (leia-se PSol, PSTU e PCB) não fica fora de pleito majoritário. Nunca chegou perto de virar competitiva, mas ao menos sempre trouxe às campanhas um brilho diverso da ladainha habitual. Ao que tudo indica, o lado mais canhoto da política local vê sua militância se desmilinguir. A ponto de não ter candidato a prefeito ou vice em novembro. 

NOSTALGIA 

style="width: 50%; float: right;" data-filename="retriever">Confessa, você que está na casa dos 40's ou mais: sim, tem saudade da candidata à prefeita Alda Olivier (foto ao lado), do PSTU. Embora tenha feito prosaicos 420 votos, há 20 anos, foi a grande estrela dos debates e do trololó eletrônico, com seu bordão, dali em diante utilizado por todos, destros ou canhotos: "todos são farinha do mesmo saco". De lá para cá, até houve tentativas, mas outra Alda nunca mais. 

TROLOLÓ 
Já tem gente fazendo conta para saber qual o espaço que caberá a cada aliança majoritária na propaganda rádio-televisiva. Da forma como as siglas se acolheraram, noves fora Evandro Behr (Cidadania) e Jader Maretoli (Republicanos), que ficarão com tempo curtinho, as outras quatro coligações terão naco muito semelhante no trololó eletrônico. Coisa entre quatro e cinco minutos cada um. 

PARA FECHAR!
Pelos números já conhecidos, é possível afirmar, sim, que haverá número recorde de candidatos à Câmara. Ainda assim, pela amostra disponível, é muito difícil que se chegue ao estrambólico 400. De todo modo, serão bem mais que os menos de 200 de pleitos anteriores. No popular: não fosse a pandemia, os candidatos "tropeçariam" um no outro pelas ruas da cidade. 


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